É Natal, é natal, leim, leim, leim....
Está tudo decorado, luzente, brilhante, fulgente... e, não obstante a crise, a euforia das compras já começou, embora pouco.
Estamos em contagem decrescente para o Natal, uma época de paz, amor, solidariedade e de regozijo dos comerciantes!
Mas notei uma coisa estranha, é muito pouco o pessoal que vem a loja fazer comprinhas de natal, e pensei para mim: (bah, isto deve de ser porcausa da terra e não da loja em si! Claro porque eu sou uma óptima vendedora!!!) mas como fiquei com a pulga atrás da orelha, decidi então investigar, falei para a minha prima e sábado a tarde lá fomos nós até ao maior centro comercial de Lisboa para ver de perto a azáfama das compras natalícias.
Primeiro choque eléctrico: chego ao parque de estacionamento do centro e... tudo cheio! Depois de dar cerca de sete voltas ao parque, em busca de um lugar perdido, acabei por desistir. Saí do parque, dei mais umas 8 voltas e lá num canto muito escuro e recôndido encontrei um buraquinho onde o pudesse enfiar.
Andei então cerca de 15 minutos a pé, ao frio, para me ir encontrar com a minha prima. Depois lá seguimos então para o festival das compras!
Entro então no dito cujo e dá-se o segundo choque eléctrico, e foi aí nesse preciso momento que dei de mim!
Digo-vos parece que ainda sinto: O meu aparelho respiratório pára por segundos e sinto os joelhos a quererem dar de si, o coração aperta-se-me e grito num histerismo quaise louco: ... O QUÊ??? NÃÃÃÃÃÃO PODEEEE! XORAAAAAAAA! ... que desilusão. Eu sei que estamos em crise mas... mas... mas... as mesmas decorações do ano passado?!
Quer dizer, afinal nós vamos lá gastar o nosso dinheiro! O mínimo que podem fazer é brindar-nos com algo de diferente todos os anos.
Depois deste segundo choque, lá me recompus, isto com a ajuda da minha prima e iniciei então a minha investigação - a minha missão era puramente científica e sociocomportamental mas quando saí de lá umas horas valentes depois, já tinha diminuido a minha lista de presentes para uma terça parte!
Pah não tenho culpa, já que lá estava, aproveitei a situação!!!
Mas antes de pensar sequer em comprar as benditas prendas, dei cerca de quatro voltas ao centro comercial sem conseguir entrar numa única loja.
Não é que eu não quisesse! Pelo contrário eu queria e muito mas era literalmente varrida pela multidão que passava em frente as lojas numa correria desenfreada, quais bizontes malucos em demandada numa planicie, cada vez que fazia o esforço e me esticava em direcção a porta de uma loja lá vinha uma excurção de pessoal que se interpunha e eu não conseguia passar.
E quando finalmente consegui entrar numa piquena loja, lá acalmei, olhei para tudo como é hábito as mulheres fazerem, levei uma boa meia hora a olhar para cada coisinha que achava piada e no final lá comprei o que tinha a comprar!
Chego então à porta e fico estupefacta, tentar penetrar naquele muro de gente, era ir de encontro ao meu suicídio, mas respirei fundo e mergulhei que nem num mar revolto!
Mas se pensam que a multidão de pessoal andava a correr para achar prendas, enganam-se, era tudo familia do Miranda- mira e anda! Tanta gente nos corredores e as lojas praticamente vazias.
Quando, finalmente, as pessoas dispersaram para comer uma bucha, já perto da hora de jantar, pude então respirar um pouco melhor e entrar nas lojas.
Aí começou outra aventura: tentar encontrar, no meio da total desarrumação, presentes originais e não muito caros.
E, de repente, numa livraria em que tinha entrado havia uns minutos atrás, algumas das pessoas (aquelas da bucha) voltaram. Vinha a D. Alzira, cheia de sacas, acompanhada da filha, o genro e os netos.
Os miúdos entraram na livraria, aos gritos e foram a correr atirar ao chão todos os livros da prateleira das histórias infantis. A D. Alzira, depois de ter passado por mim e de me ter feito três foguetes numa meia e um arranhão na perna com os sacos das prendas, foi sentar-se a ler um livro de culinária.
E enquanto que o genro estava ao meio da loja a fazer cara de mau para os empregados, a filha andava a ver cds para oferecer aquele senhor simpático que a ajudou a passar a frente na fila das finanças.
Quando olhei à minha volta a livraria estava cheia de gente que queria ouvir CDs, que retirava livros das prateleiras para os colocar no chão, de crianças que corriam à volta dos pais com o DVD do Shrek e do Madagascar na mão.- "Ó pai, ó mãe... eu queeeeeeeeeeeeeeeeeeeerooooooooo!"- "Cala-te Bruno, caaaaala-te Samanta! Nós não temos DVD!"- "Mas ó mããããããeeeeeeeeeee... compra!"- "Tu não me chames mãe! Deixa-me... olha, vai ler aqueles livros com o Pai Natal ali ao fundo!"
E foi aí que percebi que tinha entrado em estado de neurose natalicia! A cabeça começou a rodopiar muito depressa e eu só pensava, "respira fundo, respira fundo, não me vás ficar com fobia, por amor de Deus, não me vás ficar com fobia!"
Após isto... desisti... bffff... Natal.