Crónica da Semana - Velhas!!! Raio das Velhas!!!

Porquê eu? Hummm? Porquê eu? Oh sorte do caraças, também!!!

Ontem ao apanhar a camioneta para ir para o trabalho, já a custo, porque já estava arrancar, não é que tinha de me acontecer algo de surreal?

Eu até já estava a ficar admirada, a sério que estava, porque já pensava cá para mim: "Epá, esta semana até tem estado a ser calminha, a minha colega quase não dá sinais de vida, tal como na semana passada e eu estou a minha vontade e a coisa até está a correr bem...!" Pois até estava a correr bem... até aquele momento!

Porque a p***a de uma velha que não tem outro nome, tinha de me encher o juizo...

Conforme entrei no autocarro ia eu toda alegre lá para os últimos bancos, como vou sempre e não é que a meio do caminho, sou abalroada por um braço que não me deixa passar, olho para o dito e depois olho para a pessoa e então deu-se a primeira situação esquisita:
-Por acaso és portuguesa?
-Sou!
-De certeza? Não és brasileira pois não?
-Sim minha senhora, tenho a certeza que sou portuguesa, que é que deseja?
-Ah bom, é que eu preciso de fazer uma chamada aqui do meu telemóvel, mas não consigo, ajuda-me lá! (se há coisa que me irrita é tratarem-me por tu sem me conhecerem de lado nenhum, mas dei o desconto).

(Deja-vou) Eu devo de ter cara de quem percebe imenso de telecomunicações ou então a mulher tem ponta de bruxa e assim que olhou para a minha fronha viu logo num relance toda a minha vida sabendo assim que eu trabalhei nesse ramo...

Ora conforme pego no telemóvel vejo que já tinha mais de 20 números marcados de seguida, ok... respirei fundo e perguntei:

-Você sabe o número para onde quer ligar?
-Está aí na lista em nome de fulano... qualquer coisa que agora já não me lembro.

Clico no número e o telemóvel começa a fazer a chamada e então tento devolver o telemóvel a senhora afim de ela falar lá com a outra pessoa, e aqui dá-se o segundo momento esquisito:

-Diz aí: Eu tou a caminho na camioneta, devo de estar aí dentro de meia hora, espera-me ao pé do portão!!! (ok, está comprovado, a velha é louca e bruta porque ao dizer-me isto com maus modos empurra-me o telemóvel contra a cara!)

Conforme encosto o telemóvel ao ouvido, dou-me conta que não estava a ouvir o sinal sonoro do outro lado da linha e então apercebo-me que o telemóvel tinha problemas no que a gente chama de campainha, que não é mais que o auscultador e aqui dá-se o terceiro momento esquisito:

-Olhe minha senhora, o seu telemóvel não está bom, não se consegue ouvir nada, aqui tem, eu não consigo fazer a chamada, desculpe-me,tenho de me ir sentar!
-O quê? Deves de estar a gozar comigo! Liga lá, está aqui o número...- e começa à procura do número na lista- Está aqui, liga.
-Minha senhora, já lhe disse que o telemóvel não está bom e eu não vou estar a falar por si!

Ah é de lembrar que a camioneta ia cheia de gente!

-Malcriada! O que é que te custa pegar no telemóvel e dizeres que estou a caminho!
-Oh minha senhora eu não vou ficar aqui a discutir isto consigo, eu já lhe disse que o telemóvel não está bom.- e bazo a caminho do meu lugar, pensando que a coisa iria ficar por aí, mas pensei mal, porque nesse momento a velha levanta-se e grita:

-Onde é que já se viu isto, que pouca vergonha, o que é que te custa ajudar uma pessoa de idade como eu? Malcriadona, já não há respeito pelos mais velhos!

E aí nesse preciso momento, como é óbvio a mostarda subiu-me à ponta das orelhas, desceu até ao buraco do umbigo e fez remoinho na garganta e eu ainda pensei:
-"Não, não vais responder, é que não vais mesmo, não vais responder..."- Mas respondi:
- Desculpe? Não há o quê? E respeito pelos novos há? Está aqui muita gente presente que viu como você me tratou, por acaso conheço-a de algum lado pra me tratar por tu? Oh por amor de Deus, já um grande favor lhe fiz eu tentar ajudá-la!
-Mas tu és muito mais nova do eu minha menina, tens é de ajudar e calar.

Nisto levanta-se outra mulher que diz:

-Olhe você está é senil! A menina tem razão, cale-se, sente-se e tenha juizo!

A velha ficou chocada, mas recolheu as beiças e sentou-se, mas o resto do caminho foi ruminando que nem uma vaca, sempre rosnando, pragas muito possivelmente, mas é bem feita para aprender!