Crónica da semana!
Duas vezes por dia, estou encarregue de levar o cão da minha sogra a passear. São os ossos do ofício, comuns a todos aqueles que gostam de animaizinhos de estimação.
Se no início pensava que o acto de levar o bicho a fazer as necessidades era coisa fácil, aos poucos e poucos tenho-me apercebido que entrei num estranho universo paralelo, composto por donas-de-casa que se regem por um rígido manual de etiqueta canina. E quem não cumprir as regras estabelecidas é colocado de lado, transformando-se em alvo de sussurros, segredos e ameaças veladas.
Para começar, temos os saquinhos de dejectos. Como prova do extremo respeito que sentem pelos cães, as senhoras exibem orgulhosamente saquetas criadas especificamente para o efeito.
Na minha extrema ingenuidade, levei o bom do saco de plástico com o logotipo do hipermercado. Imediatamente, fiquei marcada pela negativa. Pior que eu só mesmo as energúmenas que levam os saquinhos genéricos... aqueles transparentes que, habitualmente, são fornecidos na padaria. Quem se atreva a praticar tal acto de desrespeito, terá de se contentar com a parcela oeste do jardim, conhecida pelas suas poças de lama e escaravelhos do tamanho de pequenos símios.
Garanto-vos que ninguém quer passear o cão em tal inferno. Acreditem em mim, antes uma savana repleta de leões...
Depois temos a difícil adaptação à linguagem das donas-de-casa em questão. Cada palavra vem acompanhada por um inho. Que queridinho... que amorzinho... grandinho, bonitinho e vamos lá fazer o cocózinho. Devido à minha verve desbragada, é complicado cumprir essa regra. Não foram poucas as vezes em que quase fui apanhada a proferir frases como: "Se não fazes a m**** da m***, levas um pontapé no c* e vamos já para a p**** da casa. F******!!!!!! Deves pensar que eu tenho a p*** da tarde toda, deves!"
Escapei por pouco. Ou seja, tive tempo de alterar a frase que se encontrava a poucos segundos de embater contra as cordas vocais. Resultado, da minha garganta saiu algo parecido com: "Meu lindinho, vamos fazer o xixizinho, vamos? Meu pequenininho, não te apresses. A tua donazinha tem o diazinho todinho para ficar contigo sentadinho na relvinha humidazinha!" Pufff!
Por fim, temos a complicada interacção com as senhoras. Confesso que adaptação tem sido difícil. Quando me é feita uma pergunta, necessito de perder alguns segundos para conseguir descodificá-la, obtendo assim a resposta correcta.
No primeiro dia, um grupo de três senhoras avançou na minha direcção e uma delas perguntou: "É menina?" Ora bem... consciente da minha feminilidade, e um pouco ofendida com tal questão, afirmei prontamente: "Claro!" Olharam umas para as outras, olharam para a parte traseira do meu animal. Olharam para mim com enorme desprezo e segredaram: "É espantoso! Que inconsciência! Nem sabe que é dona de um caozinho! Pobre animalzinho! Vai acabar abandonadinho, o pobrezinho!" Raios!!!
Se no início pensava que o acto de levar o bicho a fazer as necessidades era coisa fácil, aos poucos e poucos tenho-me apercebido que entrei num estranho universo paralelo, composto por donas-de-casa que se regem por um rígido manual de etiqueta canina. E quem não cumprir as regras estabelecidas é colocado de lado, transformando-se em alvo de sussurros, segredos e ameaças veladas.
Para começar, temos os saquinhos de dejectos. Como prova do extremo respeito que sentem pelos cães, as senhoras exibem orgulhosamente saquetas criadas especificamente para o efeito.
Na minha extrema ingenuidade, levei o bom do saco de plástico com o logotipo do hipermercado. Imediatamente, fiquei marcada pela negativa. Pior que eu só mesmo as energúmenas que levam os saquinhos genéricos... aqueles transparentes que, habitualmente, são fornecidos na padaria. Quem se atreva a praticar tal acto de desrespeito, terá de se contentar com a parcela oeste do jardim, conhecida pelas suas poças de lama e escaravelhos do tamanho de pequenos símios.
Garanto-vos que ninguém quer passear o cão em tal inferno. Acreditem em mim, antes uma savana repleta de leões...
Depois temos a difícil adaptação à linguagem das donas-de-casa em questão. Cada palavra vem acompanhada por um inho. Que queridinho... que amorzinho... grandinho, bonitinho e vamos lá fazer o cocózinho. Devido à minha verve desbragada, é complicado cumprir essa regra. Não foram poucas as vezes em que quase fui apanhada a proferir frases como: "Se não fazes a m**** da m***, levas um pontapé no c* e vamos já para a p**** da casa. F******!!!!!! Deves pensar que eu tenho a p*** da tarde toda, deves!"
Escapei por pouco. Ou seja, tive tempo de alterar a frase que se encontrava a poucos segundos de embater contra as cordas vocais. Resultado, da minha garganta saiu algo parecido com: "Meu lindinho, vamos fazer o xixizinho, vamos? Meu pequenininho, não te apresses. A tua donazinha tem o diazinho todinho para ficar contigo sentadinho na relvinha humidazinha!" Pufff!
Por fim, temos a complicada interacção com as senhoras. Confesso que adaptação tem sido difícil. Quando me é feita uma pergunta, necessito de perder alguns segundos para conseguir descodificá-la, obtendo assim a resposta correcta.
No primeiro dia, um grupo de três senhoras avançou na minha direcção e uma delas perguntou: "É menina?" Ora bem... consciente da minha feminilidade, e um pouco ofendida com tal questão, afirmei prontamente: "Claro!" Olharam umas para as outras, olharam para a parte traseira do meu animal. Olharam para mim com enorme desprezo e segredaram: "É espantoso! Que inconsciência! Nem sabe que é dona de um caozinho! Pobre animalzinho! Vai acabar abandonadinho, o pobrezinho!" Raios!!!
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