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  • 2005-04-29

    Crónica da semana!

    Bem deixem-me que vos conte as vergonhas que passo, embora muitos de vocês já tenham conhecimento de algumas delas!
    Mas enfim, é sempre bom abrir a minha alma convosco e partilhar estes momentos de tão baixa categoria e mesmo sabendo que um dia ao me verem na rua me vão apedrejar e me chamar nomes como se fosse uma mulher esrealita, eu arrisco a contar-vos mais um momento desses...

    Há uns tempos atrás fui jantar a casa de um casal de amigos da minha cara-metade. Eu não os conhecia… bem conhecia um pouco o rapaz porque tinha sido colega de trabalho da minha cara metade, a rapariga é que não. E eles idem, idem, aspas, aspas. Enfim, mais uma viagem através do sinuoso, e perigoso, território da cerimónia.

    Ao contrário do habitual, até me portei bem. Não disse palavrões, nem mesmo no momento em que provei a m**** do vinho com sabor a ranso, não toquei em assuntos controversos, evitei dar opiniões irónicas ou até mesmo sarcásticas sobre os assuntos mais quentes da actualidade e não mandei calar o rapaz, embora vontade não me faltasse, porque ele quando falava emitia uns grunhidos que entravam através dos meus canais auditivos e iam embater de encontro aos meus tímpanos, o que irritava e muito a pele sensivel dos meus ouvidos, e por umas quantas vezes mordi a lingua para me aguentar, a parte disto e resumindo, fui o exemplo vivo de uma boa menina bem comportada.

    Já perto do final da noite, deu-me uma lancinante vontade de ir à casa de banho fazer uma daquelas coisas que… bem, vocês sabem. Dirigi-me ao referido local, sentei-me no pequeno trono e passei alguns minutos, com um leve sorriso nos lábios, a pensar em como me tinha portado excelentemente. Aproveitando a solidão, sussurrei "Então contem lá história da m**** do vinho. Ransoso como está, deve ter sido herdado da p*** da vossa avózinha, f******!"

    Sem olhar, ri baixinho e estiquei a mão na direcção do papel higiénico. Nada! Os meus dedos depararam-se com um estranho e inesperado vazio. Tinham-se esquecido de trocar o rolo. Olhei em volta, na esperança de encontrar um armário onde pudesse descobrir uma recarga. Nada! Nada, nada, nada! Nesse preciso momento, uma pequena gota de suor surgiu na minha têmpora direita. Bloqueei. Cada segundo que passava vinha acompanhado por uma arroba de pânico que me esmagava a alma. As opções eram pouco brilhantes, para não dizer muito pouco dignas.

    1 - Porta entreaberta, calcinha pelo tornozelo e gritar "Alguém me arranja um rolo de papel higiénico, por favor?!"

    2 - Porta entreaberta, calcinha pelo tornozelo e gritar "Querem saber uma coisa? Um jornalinho é que vinha a calhar! Sanita sem leitura não sabe ao mesmo, caramba!"

    3 - Porta entreaberta, calcinha pelo tornozelo e gritar "Fogo! Fogo! Extraterrestres! Talibans!! Térmitas!!" Depois, rezar para que fossem suficientemente estúpidos e que fugissem em pânico. Dessa forma, teria caminho livre para ir até à sala buscar um guardanapo de papel.

    4 - Ir com passinhos curtos e cuidadosos até à sala e, como quem não quer a coisa, sacar uns guardanapinhos de papel. Sorrir, revelar aos anfitriões o meu fetiche por casas de banho e origamis e regressar ao wc.

    5 - Saltitar até à cozinha, rezar para que não aparecesse ninguém e tentar descobrir alguns centímetros de papel. No caso de ser apanhada em flagrante delito, teria de gritar "Violador! Violador!" e esperar que a polícia acreditasse em mim. Era a minha palavra contra a do dono da casa. 50% de hipóteses.

    6 - Ir até ao bidé e dar uso à água e ao sabão…

    Deixo à vossa imaginação qual a opção escolhida! É muito triste e bastante embaraçoso. É a história da minha vida... bolas!

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